Aqui a consciência precede a matéria, não é um epifenómeno desta, como crê a ciência moderna em todo o seu materialismo, que saindo de seu âmbito se comporta como uma filosofia, senão mesmo uma religião.
Evidentemente, não terá outro remédio que qualificar a astrologia como superstição ou pseudociência numa falência de conhecimento e ignorância que apenas encontra reflexo no obscurantismo religioso mais obtuso.
Mas não nos desviemos demasiado. A astrologia, em seu enquadramento Hermético e Platónico, oferece uma visão do cosmos como uma interconexão unificada, onde tudo se corresponde por cadeias de simpatia e correspondência espiritual e material. No centro dessa visão está o conceito de quatro reinos: o Reino da Divindade (O Uno), o Reino da Inteligência (Nous), o Reino da Alma (Psique) e o Reino da Matéria (Cosmos ou Natureza).
Em sua origem, o Uno — princípio e fonte primordial de todas as coisas, o absoluto, além da dualidade e de qualquer possibilidade de definição — gerou o Nous, ou Intelecto Divino, como sua primeira emanação, representando a inteligência cósmica, a que organiza e dá forma ao caos primordial, tornando-se o intermediário entre o Uno e o mundo manifestado, possibilitando assim a criação.
O Nous é a primeira realidade depois do Uno e contém em si todas as ideias ou formas que estruturam o universo, equivalendo ao mundo inteligível de Platão, o que pode ser descrito como Consciência Universal. Aqui, os relógios ainda não começaram a funcionar, ainda não chegámos à ideia de tempo, existe tão só a eternidade. Tudo o que é, pode ser ou será está presente em simultâneo, o Nous transcende o tempo em toda a sua dimensão.
No passo seguinte da criação, o Nous gera uma imagem de si mesmo, chegamos à Anima Mundi, a Alma do Mundo. O tempo e o movimento passam a existir, estamos no começo do ser. A Anima Mundi ou Psique (Alma) emerge do Nous como um princípio vital e animador, introduzindo vida ao cosmos. Elo entre o mundo das ideias (Nous) e o mundo sensível, traz (o mundo d)as ideias à realidade material. A Anima Mundi é a alma universal que permeia todas as coisas, organiza a matéria, faz com que o universo seja harmonioso, interligado, vivificando, animando e unindo todas as partes do Universo. A Anima Mundi confere vida, movimento e coesão ao Cosmos, funciona como princípio unificador harmonizando a vida com as ideias ou formas presentes no Nous ou mundo inteligível.
Com a Anima Mundi em acção e o universo organizado e estruturado, chegamos ao Cosmos, ao mundo material, criado como o mundo ordenado e harmonizado pelas leis e formas contidas no Nous e vivificado pela Anima Mundi. A partir dos princípios e ideias que residem no Nous é, pois, criado este universo que é tanto material quanto inteligível. O Cosmos é o seu corpo físico, resultado das interações dos reinos superiores.
Universo em rotação sobre si mesmo, representando o Uno dentro do Cosmos. Cada um de nós é um microcosmo desse mesmo Universo e contém a Unidade (o Uno), o Nous, a Alma e o Cosmos. O Cosmos é o corpo; a Alma, como a palavra indica, é a alma humana; o Nous é a consciência da alma; e o Uno é o nosso autoconhecimento e autorrealização.
Como tão bem diz o grande astrólogo Robert Hand, os planetas no Cosmos e os planetas dentro de nós correm em paralelo. As mudanças na alma individual e as mudanças na Alma do Cosmos refletem-se uma na outra. Nossas Alma individuais estão inseridas na Alma do Mundo. Tudo o que existe neste mundo não é apenas determinado pelo mecanismo de causa e efeito, mas também pelo movimento nos mundos superiores. O tabuleiro de xadrez das nossas vidas não se joga apenas em terra firme, mas no que nos transcende, forma e pensa, pela inteligência que dita a sua lei, pela consciência consegue (melhor) ver o jogo em todas as suas regras e implicações.
O Cosmos é este mundo onde vivemos em dualidade, onde cada qualidade pressupõe o seu oposto e através dele se identifica, onde tudo se complementa ou define pelo seu oposto – a noite ao dia, o calor ao frio, o amargo ao doce, o masculino e o feminino. Onde tudo o que se assemelha forma uma cadeia de correspondências e simpatias. O Sol, pelo seu comando e absoluta autoridade sobre as nossas vidas, encontra semelhança em reis, imperadores, ditadores ou presidentes, e como ‘like attracts like’ encontra a laranja nos alimentos, o ouro nos metais, o mel nos doces. Júpiter, que astronomicamente falando serve de tampão para que os asteróides do sistema solar não atinjam a Terra tem o epíteto de Grande Benéfico, encarnando a noção de equidade e justiça, corresponde a juízes, pela noção de perdão e misericórdia divina com religião e seus templos e igrejas. Mercúrio com tudo o que tem mais ligação com a Mente, como o comércio e mercado bolsista, com escritores e astrólogos, com mentirosos e vigaristas, com magos e alquimistas, encarna também a pele de psicopompo, vivendo entre os dois mundos. Vénus como Deusa e arquétipo de beleza, união e harmonia corresponde-se com modelos e artistas, com perfumes e decoração, com música bela e harmoniosa, com erotismo, com casamento, com arte e ornamentos, com pedras preciosas. E assim sucessivamente, completando o universo como completando o mundo, como o que está em cima é como o que está em baixo, para celebrar a verdade do Uno.
Os movimentos dos planetas e estrelas refletem e afetam o que se passa na terra. Contemplar os movimentos das estrelas pode elevar a alma a coisas superiores, libertamo-nos das ansiedades e preocupações físicas. Compreendendo os padrões astrológicos, o indivíduo pode melhor alinhar-se com o seu propósito, passa a viver de maneira mais consciente e até mesmo sábia, conseguindo entender-se numa escala bem maior do que si mesmo. A Astrologia é Misticismo em movimento, diz Robert Hand, a Astrologia que por sua virtude e alfabeto, proporciona um meio para a alma humana se conectar com a mente universal, a alma do mundo, a Anima Mundi. A Astrologia que só se torna pseudociência, entre outros mimos, quando a tentamos moldar segundo os padrões da ciência moderna.
Proponho métodos de diagnóstico, previsão, comparação de mapas (sinastria) e formas de equilibrar os elementos do tema natal. Além disso, ofereço práticas espirituais mais aprofundadas e, para os mais curiosos, posso calcular o planeta mais poderoso do mapa, calculo esse que permite que decifremos o nome do seu Daimon pessoal ou Anjo da Guarda.
Minha abordagem é tradicional, com uma forte componente da astrologia Helenística e Medieval. Tenho também em conta os ensinamentos de astrólogos fulcrais como William Lilly ou Jean-Baptiste Morin e também incorporo em minha prática técnicas modernas como as Progressões Secundárias, que são um dos núcleos do meu método preditivo.
Utilizo planetas além de Saturno (Urano, Neptuno e Plutão), embora não os considere regentes de signos.
Estudei com João Medeiros e Simão Cortês, apontando a partir daí para uma astrologia mais clássica ou Tradicional. Com essa combinação de tradição e modernidade, ofereço uma abordagem abrangente e personalizada para ajudá-lo a encontrar equilíbrio e propósito através da astrologia.
Explore a sabedoria dos astros comigo e descubra como posso iluminar seu caminho.
A Astrologia é a linguagem que melhor traduz a relação do ser humano com o Cosmos. Seus fundamentos teóricos cruzam a geometria e o símbolo para nos dar uma visão do nosso lugar no tempo e espaço na sua relação com o todo que nos circunda.
Seguindo os preceitos inscritos na Tábua Esmeralda de Hermes Trismegisto, onde ‘o que está em cima é como o que está em baixo, e o que está em baixo é como o que está em cima, para celebrar a verdade do Uno’, a astrologia mostra, reflecte e ensina como a relação entre os astros no cosmos com a Terra encontra sua tradução nas nossas vidas, ou como os eventos celestes reflectem os eventos terrestres, e vice-versa.
Uno aqui pode ser traduzido como o bem, ao qual se junta a inteligência Suprema, o Nous. Depois, o Cosmos, que já vem de Pitágoras, que o descobriu e descodificou como Grande Ser Unificado, o que também se reflecte em nós, que também temos um Cosmos, com os nossos órgãos, o nosso sangue e as nossas células, num sistema interligado ao serviço desse uno que é o indivíduo -- do latino individuus, aquilo que não pode ser dividido. E também nós somos todos um Uno no Cosmos, só há um Cosmos e nós somos partes do seu todo, do seu organismo.
“O que está em baixo é como o que está em cima, e o que está em cima é como o que está em baixo, para realizar os milagres de uma única coisa.
E assim como todas as coisas vieram do Um, assim todas as coisas são únicas, por adaptação”.
A Astrologia Ocidental — o que significa a astrologia Helelistica-Perso-Medieval-Renascentista — partilha de sistema, linguagem e uma outra visão do mundo, alicerçada em outros mapeamentos da realidade onde o mundo material se comunica com mundo espiritual. Tendo por base o Platonismo e Hermetismo, e filósofos como Pitágoras, Platão e Aristóteles; bebendo da tradição Babilónica, Egípcia e no saber Clássica da Grécia Antiga, para depois ser tanto desenvolvida como quebrada por falhas de transmissão do conhecimento antigo na Antiga Pérsia, no Islão ou na Europa Medieval, a Astrologia extravasa em muito o limitado contexto materialista contemporâneo. Não pode ser provada cientificamente enquanto a ciência se limitar aos preceitos materialistas vigentes que apenas admitem a existência da matéria e de energia. Para que a Astrologia verdadeiramente funcione em coerência é, pois, essencial adotar uma visão de mundo que legitime e interaja com a vasta interconexão e encadeamento do Universo, bem como as suas oposições e áreas de conflito. A partir daí, podemos descobrir nosso lugar no todo e dirigir melhor o nosso caminho. Podemos perceber a realidade de maneira mais profunda, entendendo como e porquê as coisas acontecem como acontecem e porque acontecem. O horóscopo funciona como um diagrama esquemático das intenções de vida de um nativo. Não descreve exactamente o que vai acontecer, nem exclui a liberdade e o livre-arbítrio, mas revela os padrões e formatos em que se desenrolam os acontecimentos. Cada símbolo no mapa pode manifestar-se em todos os níveis da personalidade e do ambiente, conectando o mundo material à mente universal (Nous).